"Santas as visões, santas as alucinações, santos os milagres, santo o globo ocular, santo o abismo." (Allen Ginsberg)

28.4.10

Glória ao Cineasta

Qual gênero agradaria mais determinado público? Poderia existir um filme que pertencesse simultaneamente a todos os genêros e consequentemente agradasse a todos os tipos de público? Existe um público específico para determinado tipo de filme? Ou o público tem a inteligência de ser flexível? Ou o público é capaz de pensar e escolher o que quer assistir? O que o público quer assistir é o que o cineasta quer realizar? Salvar o mundo? Se aposentar?
texto . matheus matheus
imagem . Kantoku - Banzai, de Takeshi Kitano, Japão, 2007

26.4.10

O Sopro No Coração

"Nunca com remorso, sempre com ternura." Ritos de iniciação inacabados. Charuto ou mulheres? Charutos. Entrar na festa sem ser convidado nem estar vestido a rigor. Banho gelado para melhorar o sopro. Ar puro, virgens, discos de vinil de jazz, almoço formal, guerra de verduras, livros de ginecologia, Goethe no acampamento. Rir muito no final. Petulância: o riso juvenil.
imagem . Le souffle au Coeur, de Louis Malle, França, 1971

19.4.10

Kenoma

No fim do mundo, onde deusnosacudas perdeu as lentes de contacto, a cabeça, fatigada e pessimista, vai achar que é impossível, mas as mãos, inquietas, vão insistir que não. A invenção é trabalho contínuo, e tem sua maior parcela de prazer não na realização da proposta, mas na exaustão e no esgotamento de sonhar ao criar. texto . matheus matheus imagem . Kenoma, de Eliane Caffé, Brazil, 1998

15.4.10

O Balão Branco

"Queria ver o que era bom pra mim,
o que nunca me deixaram ver."
imagem & frase . Badkonake Sefid, de Jafar Panahi, Irã, 1995

14.4.10

Kolya

"Lá no alto de uma montanha, no Cáucaso, vivia uma águia. Um dia, ela voou tão alto, que chegou a uma estrela. Nessa estrela havia uma casinha. Na casa, morava uma ovelha e seus cordeirinhos. 'Eu vim visitar vocês.', disse a águia, 'Vim ver como vocês vivem.'
imagem & texto . Kolya, de Ján Svérak, República Tcheca, 1996

12.4.10

Veludo Azul

"Mundo estranho este, não? Há oportunidades na vida para se obter conhecimento e experiência. Por vezes é necessário correr riscos. Porque é loucura e perigoso. Está tão escuro. Quero vê-lo. Eu apenas só sei, só isso. Deixarei que o achem a seu modo. É tudo um segredo. Fique viva, baby! Faça isto pela orelha de Van Gogh. Sabe o que é uma carta? de amor? vinda do fundo? do coração? Uma bala da porra da minha pistola a se alojar na tua cara. Se receber uma carta de amor estará fodido para sempre. Como gosto de Heineken! Gosta também?"
imagem . Blue Velvet, de David Lynch, EUA, 1986
remix século XXI . matheus matheus

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9.4.10

Aos Nossos Amores

A adolescente bonita que só se sente feliz na companhia de algum dos variados e belos rapazes com quem se relaciona, paradoxalmente, sempre os abandona. Quer ser amada, efetua a sedução, consome-se no ato consumado, no fato consumando-se. E depois, sequência previsível, os descarta. Nem adianta correr atrás. Ela não quer repetir o que já teve antes. Busca o inédito - avidez fatal e necessária. Ou simplesmente quer variar de prato ao invés de ter que provar sempre o mesmo alimento. Enjoaria. Ou então, não quer praticar o senso-comum de amor do mundo civilizado- fidelidade a um parceiro fixo.
Certa vez Van Gogh disse... Ou disseram que ele disse, mas, de qualquer forma, faz um sentido enorme no contexto de vida dele. "A tristeza durará para sempre." O que será que ele estava querendo dizer com isto? Que sua tristeza individual de artista incompreendido duraria até depois de sua morte através explêndida genialidade do conjunto de sua obra. [OU] Que os tristes eram os outros, os que fingiam alguma alegria de vida para tentarem se adequar a algo a que na verdade não desejavam se submeter. O mundo em si, para Van Gogh, era lindo e perfeito. A tristeza eram as pessoas que nele habitavam.
O cinema de Pialat não tranquiliza. É um sol noturno, urbano, libertário, libertino e filosófico. Faz o espectador se remexer na poltrona, mudar o ritmo da respiração a cada cena. Incomoda. Grita, se debate. Arde, transpira, chora, sangra e, principalmente, goza.
imagem . À Nous Amours, de Maurice Pialat, França, 1983 esboço de ensaio . Matheus Matheus

6.4.10

Coração Selvagem

Quando você tiver a sensação de que alguma coisa está errada, pense no que Pancho falou para Cisco Kid: Vamos embora antes que a gente dance sem música no fim de uma corda. O mundo é selvagem por dentro e tão estranho por fora. É um símbolo de minha individualidade e da minha crença na liberdade pessoal. Na minha vida fiz coisas das quais não me orgulho muito. Mas a partir de agora não vou fazer nada sem um bom motivo. Só sei que há mais do que só alguns pensamentos ruins lá fora. Isto tudo tem um lado bom e um lado ruim.
texto & imagem . Wild at Heart, de David Lynch, EUA, 1990
remix século XXI . matheus matheus

5.4.10

Little Voice

Uma voz pequenina mas limpa mas afinada mas afiada. Um cantar particular pra contrabalançar a mudez e o autismo quotidianos. Uma canção torta, mas nunca morta, corta feito faca a carne de vocês. Viver é vinil, viver é incêndio. imagem . Laura, A Voz de Uma Estrela, de Mark Herman, Inglaterra, 1998 texto . Matheus Matheus com citação de A Palo Seco, de Belchior

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1.4.10

Juno

O mundo é folk e hiperdotado de um humor ácido e e de um amor precoce. Dois litros de suco, tic tic tac sabor laranja, B&S... Sem medo, sem susto, sem dramas... Sonic Youth mandando Superstar dos Carpenters. Normalidade não é com a gente. Gírias e roupas descoladas sim. Não é de abandono, é só de se entregar um presente lindo que geramos e que vai deixar outra pessoa muito mais feliz na vida. É difícil, não é simples nem comum. É leve: vem de nascimento - não se vende.
texto . Matheus Matheus imagem . Juno, de Jason Reitman, EUA/Canadá, 2007

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