"Santas as visões, santas as alucinações, santos os milagres, santo o globo ocular, santo o abismo." (Allen Ginsberg)

27.8.10

Os Viciados

Mudaste muito desde a última vez em que te vi. E agora queres apagar tudo? Não há como. Expelir dói. Local sujo. Frio. Sabe como são os artistas: estão sempre se mandando na vã tentativa de burlar a segurança. Não transpiram por nada desde que bem alimentados. Nada aspiram senão um alívio imediato subsequenciado por vazio e esquecimento. Policiais só sabem tomar café e observar os criminosos/dia passarem. Enjoy! Faixa número dois: Light My Fire. Pessoas ressacadas nas ruas a vomitar nos becos. O pânico verdadeiro. Mactrash feliz para quem estiver afins, para quem tiver apetite. Bon apetit. Portrait dos vis pensamentos. Gozo profundo. Melhor do que qualquer sexo que você tenha feito. A melhor viagem. A morte. Artigo primazia. We want the young blood. Os verdadeiros vampiros, baby. Imortais porque queimaram-se por inteiro, duma vez - fogo de artifício espoucando a negritude dum céu pouco promissor. Tudo tem mudado. Vá se foder. Andando no Wild West Side. A espera de armas contra as quais lutar. Tomando o dinheirinho de algum iniciante desavisado numa cidade engraçada. De ressaca passeando no bosque com o cachorro. Pra que ressacar quando se pode curtir? Dois imbecis incapazes de cuidar de um cachorro. A inércia do amor. A preguiça da vida. Prostrar-se esperando pela inevitável hora da delação. Lanternas na cara. Eu só queria me casar com alguém igual a você. É ano de eleições. Imagem . The Panic In Need Park, de Jerry Schatzberg, USA, 1971 Texto . Matheus Matheus com alusões ao filme, Radiohead, Lou Reed e Nando Reis

23.8.10

Morango e Chocolate

"Conhece Oscar Wilde? Gide? Lorca? Tinham algo em comum comigo. E não só eles. A lista é grande. Tem até guerreiros bem valentes, como Alexandre, O Grande; Hércules... Aquiles cortejava Protoclo. [...] Melhor é não se chocar com nada e provar de tudo." Texto & Imagem . Fresa Y Chocolate, de Tomás Gutiérrez Alea/Juan Carlos Tabío, Cuba/México/Espanha, 1993

18.8.10

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Dedos escorregadios que, ao invés de tirar, colocam dinheiro sorrateiramente no bolso da sua jaqueta. Mas pra mim já era. Estou com pouca grana. Trabalhando vendendo alguma coisa: cartões postais ou mapas de metrô. Afins de sobreviver. Qualquer coisa lícita assim. Ou não. Para lá de Marrakesh, como Waly, Bukowski, Saramago, e outros tantos. Mercado persa. Desculpe, não tenho grana pra pagar o táxi. É que geralmente eu cambaleio por aí, sem me preocupar muito com o meu destino final. Está em cima da hora. Eu não sinto nada... Proa de navio furando o mar. Um coração roxo sem prescrição médica. Gargalhadas desordenadas descoordenadas. Esse túnel vai dar no mar. Atabaque ao amanhecer. Os adoradores do sol. Nus Dourados Sonolentos Lentos Excitados lagartos. Cegos? Uns tapas. Germina agulha na pele. Azul da cor do mar mais azul que o do céu. Mais. Mais um pouco. Antes que esse tempo passe. Nunca vai passar. Depressa. Depressa demais. Madruga a dor. Ser solar. Selar. Ser seu lar. viagem ultrapsicodélica das letras . matheus matheus, com citações de Tim Maia, Lobão e More cartaz . Gier nach Lust / More - Mehr, immer mehr, de Barbet Schoroeder, Alemanha Ocidental/França/Luxemburgo, 1969

12.8.10

Memória e História em Utopia e Barbárie

Essa geléia geral foi a gênesis. A terra 'tava em transe. Foi mundial. E o mundo inteiro tomou consciência do aqui e do agora. "Eu 'tou aqui agora. Não vou esperar que se faça uma revolução , não vou esperar ficar rico, não vou esperar chegar o Messias. Não, eu vou fluir o que eu tenho na minha frente aqui e agora." E isso, realmente, desmantelava toda a estrutura do capitalismo, do socialismo... Enfim, de tudo. Porque as pessoas começaram a ver o poder que elas tinham de poder dizer sim ao sim e não ao não. E poder decidir fazer vir abaixo todas as máscaras da sociedade-espetáculo. imagem . Memória e História em Utopia e Barbárie, de Silvio Tendler, Brazil, 2005 fala transcrita . José Celso Martinez Corrêa, com alusões à Torquato Neto, Glauber Rocha e Caetano Velloso

11.8.10

Eles Não Usam Black Tie

I Um trem de ferro sobre o colchão A porta aberta pra escuridão A luz mortiça ilumina a mesa E a brasa acesa queima o porão Os pais conversam na sala e a moça Olha em silêncio pro seu irmão Ó Deus vos salve esta casa santa Onde a gente janta com nossos pais Ó Deus vos salve essa mesa farta Feijão, verdura, ternura e paz II Isto não é questão pessoal! É política! É política! III A gente nem é mais para só ficar vendo novela. De repente, tem mais emoção na rua. imagem e texto II e III . Eles Não Black Tie, de Leon Hirszman, Brasil, 1981 texto I . Deus Vos Salve Esta Casa Santa, de Torquato Neto e Caetano Veloso