"Santas as visões, santas as alucinações, santos os milagres, santo o globo ocular, santo o abismo." (Allen Ginsberg)

14.7.06

NON, JE NE REGRETTE RIEN

Non, rien de rien, non, je ne regrette rien, Ni le bien qu'on m'a fait, ni le mal, tout ça m'est bien égal. Non, rien de rien, non, je ne regrette rien, C'est payé, balayé, oublié, - je me fous du passé. Avec mes souvenirs, j'ai allumé le feu, Mes chagrins mes plaisirs, je n'ai plus besoin d'eux. Balayés mes amours, avec leurs trémolos, Balayés pour toujours je repars à zéro Non, rien de rien, non, je ne regrette rien, Ni le bien qu'on m'a fait, ni le mal, tout ça m'est bienégal. Non, rien de rien, non, je ne regrette rien, Car ma vie, car mes joies, aujourd'hui -Ça commence avec toi música de Michel Vaucaire & Charles Dumont a foto acima, bem como as treze fotos abaixo dos ultimos posts, são imagens do filme Os Sonhadores (The Dreamers de Bernardo Bertolucci, França/Itália, 2003)

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trecho#11

"Os seres humanos não nascem para sempre no dia em que as mães os dão à luz, a vida os obriga outra vez e muitas vezes a se parirem a si mesmos."
Gabriel García Marquéz in El Amor en los Tiempos del Cólera

outros sonhos

Sonhei que o fogo gelou Sonhei que a neve fervia Sonhei que ela corava Quando me via Sonhei que ao meio-dia Havia intenso luar E o povo se embevecia Se empetecava João Se emperiquitava Maria Doentes do coração Dançavam na enfermaria E a beleza não fenecia Belo e sereno era o som Que lá no morro se ouvia Eu sei que o sonho era bom Porque ela sorria Até quando chovia Guris inertes no chão Falavam de astronomia E me jurava o diabo Que Deus existia De mão em mão o ladrão Relógios distribuía E a policía já não batia De noite raiava o sol Que todo mundo aplaudia Maconha só se comprava Na tabacaria Drogas na drogaria Um passarinho espanhol Cantava esta melodia E com sotaque esta letra De sua autoria Sonhei que o fogo gelou Sonhei que a neve fervia E por sonhar o impossível, ai Sonhei que tu me querias Soñé que el fuego heló Soñé que la nieve ardía Y por soñar lo imposible, ay Soñé que tú me querías Esta música é do mais recente album do singular Chico Buarque, bem como algumas outras que já postei aqui. O passarinho espanhol ao qual Chico se refere é um autor anônimo/desconhecido dos quatro últimos versos cantados na canção

ela faz cinema

Quando ela chora Não sei se é dos olhos para fora Não sei do que ri Eu não sei se ela agora Está fora de si Ou se é o estilo de uma grande dama Quando me encara e desata os cabelos Não sei se ela está mesmo aqui Quando se joga na minha cama Ela faz cinema Ela faz cinema Ela é a tal Sei que ela pode ser mil Mas não existe outra igual Quando ela mente Não sei se ela deveras sente O que mente para mim Serei eu meramente Mais um personagem efêmero Da sua trama Quando vestida de preto Dá-me um beijo seco Prevejo meu fim E a cada vez que o perdão Me clama Ela faz cinema Ela faz cinema Ela é demais Talvez nem me queira bem Porém faz um bem que ninguém Me faz Eu não sei Se ela sabe o que fez Quando fez o meu peito Cantar outra vez Quando ela jura Não sei por que deus ela jura Que tem coração E quando o meu coração Se inflama Ela faz cinema Ela faz cinema Ela é assim Nunca será de ninguém Porém eu não sei viver sem E fim
CHICO BUARQUE CARIOCA

porque era ela, porque era eu

Eu não sabia explicar nós dois Ela mais eu, por que eu e ela Não conhecia poemas Nem muitas palavras belas Mas ela foi me levando Pela mão Íamos tontos os dois assim ao léu Ríamos, chorávamos sem razão Hoje, lembrando-me dela Me vendo nos olhos dela Sei que o que tinha de ser se deu Porque era ela Porque era eu LETRA & MÚSICA CHICO BUARQUE

7.7.06

AS VITRINES

Eu te vejo sumir por aí Te avisei que a cidade era um vão Dá tua mão, olha prá mim Não faz assim, não vá lá, não Os letreiros a te colorir Embaraçam a minha visão Eu te vi suspirar de aflição E sair da sessão frouxa de rir Já te vejo brincando gostando de ser Tua sombra se multiplicar Nos teus olhos também posso ver As vitrines te vendo passar Na galeria, cada clarão É como um dia depois de outro dia Abrindo o salão Passas em exposição Passas sem ver teu vigia Catando a poesia Que entornas no chão Já te vejo brincando gostando de ser Tua sombra se multiplicar Nos teus olhos também posso ver As vitrines te vendo passar Na galeria, cada clarão É como um dia depois de outro dia Abrindo o salão Passas em exposição Passas sem ver teu vigia Catando a poesia Que entornas no chão LETRA . CHICO BUARQUE

1.7.06

as atrizes

Naturalmente ela sorria Mas não me dava trela Trocava a roupa Na minha frente E ia bailar sem mais aquela Escolhia qualquer um Lançava olhares Debaixo do meu nariz Dançava colada Em novos pares Com um pé atrás Com um pé a fim Surgiram outras Naturalmente Sem nem olhar a minha cara Tomavam banho Na minha frente Para sair com outro cara Porém nunca me importei Com tais amantes Os meus olhos infantis Só cuidavam delas Corpos errantes Peitinhos assaz Bundinhas assim Com tantos filmes Na minha mente É natural que toda atriz Presentemente represente Muito para mim
CHICO BUARQUE FALANDO DO CINEMA FRANCÊS