"Santas as visões, santas as alucinações, santos os milagres, santo o globo ocular, santo o abismo." (Allen Ginsberg)

3.7.11

Os Esquecidos


Aqui não tem amor. Só pobreza e esperteza que dá em nada. A juventude transviada mexicana é bem menos glamourosa e mais (sur)realista que a do cinemão feito para divertir e vender pipoca... Mais parecida com a nossa realidade? Quem quer realidade? Quem quer pão? Quem quer circo? Quem tá bem satisfeito com o que está aí?

Dos esquecidos ninguém faz muita questão mesmo de se lembrar. Que importa? Um a mais, uma a menos... Tanto faz. Este tipo de gentinha sempre acaba assassinada, envolvida com coisa errada, caída numa pocilga nojenta qualquer, sem sequer um obituário. Como animais. São animais? Vai ver, até menos. No máximo mais uma manchete sensacionalista num jornaleco ordinário qualquer. A população o folheia, se choca moderadamente como lhe é habitual e, quinze minutos depois nem se lembra mais da cena. O último capítulo da novela ou a próxima grande estréia blockbuster tem mais importância, é mais relevante.

texto . matheus matheus
imagem . Los Olvidados, de Luis Buñuel, 1954