"Santas as visões, santas as alucinações, santos os milagres, santo o globo ocular, santo o abismo." (Allen Ginsberg)

31.1.06

spaceballs, the ballad

correndo através do universo eles têm cabelo longo e querem voar espaço: a fronteira final espaço: eu quero estar aqui se eles não carregam a glória da guerra é só porque não acreditam na guerra nós temos o espaço que é a fronteira final espaço: eu quero estar aqui mergulho no espaço nadamos num sonho sons como um som de uma canção que podemos cantar mergulho no espaço nadamos num sonho versão livre de matheus só para canção original de john ulhoa do disco televisão de cachorro . pato fu

26.1.06

um dia, um ladrão

Chega como quem vai pedir informação e levanta a blusa para que eu note o 38 no alforge improvisado. Diz "Vai andando normalmente, passa o que tiver." Um movimento brusco, um sinal de medo ou preconceito pode resultar num disparo. A partir do momento que obedeço deixo de ser vítima e me torno cumplice. E me torno porque ele é tão humano quanto eu: dorme, come, ama, chora, mija, goza, tem carne, cabelos, dentes, vai apodrecer quando morrer, nasceu nu e chorando, se aborrece, se entorpece, depois fica de cara. Enfim, somos humanos. Enquanto ele me leva para um canto escuro, tento mostrar-lhe que sou quase tão pobre quanto ele (proletário), que só tenho livros dentro da bolsa, que não trago dinheiro ou celular. Experimenta a blusa quente que comprei num brechó há pouco tempo e me devolve. Não curtiu a lã azul. Não leva nada, não me olha nos olhos e diz que é pra eu seguir em paz, que sou humilde. Aperto-lhe a mão e sigo entre a perplexidade e a surpresa, cheio de incertezas a respeito do peso das coisas, pensando sobre o mundo do qual fui repentinamente retirado (pelo susto do assalto) e para o qual irei logo logo (até desaparecermos no horizonte de um para o outro). Em breve ele se torna apenas memória de ladrão - como Genet e Hood são memórias de ladrões. Como a visão mais sincera do Deus deve ser: um furto de graça. texto . matheus só título (citação) e texto (alusão) . john ulhoa

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18.1.06

JUST LIKE HEAVEN

Show me, show me, show me How you do that trick "The one that makes me scream," she said "The one that makes me laugh," she said And threw her arms around my neck Show me how you do it And I promise you, I promise that I'll run away with you I'll run away with you Spinning on that dizzy edge I kissed her face, I kissed her neck And dreamed of all the different ways I had to make her glow "Why are you so far away," she said "Why won't you ever know that I'm in love with you, That I'm in love with you?" You... soft and only You... lost and lonely You... strange as angels Dancing in the deepest oceans Twisting in the water, you're just like a dream Just like a dream Daylight whipped me into shape I must have been asleep for days And moving lips to breathe her name I open up my eyesI find myself alone, alone, alone Above a raging sea That stole the only girl I loved And drowned her deep inside of me. You... soft and only You... lost and lonely You... just like heaven esta música é do cure e foi interpretada pelo pato fu em alguns shows da turnê televisão de cachorro
a imagem eu roubei do fotolog Coli Seu Penel Aqui (www.fotolog.com/coliseupenelaqui), e pertence a um ensaio para a revista Elle de setembro de 2005

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16.1.06

ENTUSIASMO

Por uns caminhos extravagantes, Irei ao encontro deses amores - por que suspiro - distantes. Rejeito os vossos, que são de flores. Eu quero as vagas, quero os espinhos e as tempestades, senhores. Sou de ciganos e de advinhos. Não me conformo com os circunstantes e a cor dos vossos caminhos. Ide com os zoilos e os sicofantes. Mas respeitai vossos adversários, que nem querem ser triunfantes. Vou com sonâmbulos e corsários, poetas, astrólogos e a torrente dos mendigos perdulários. E cantamos fantasticamente pelos caminhos extravagantes, para aquele nosso parente. poema . cecília meireles na minha pré-adolescência eu li este poema, copiei para reler diversas vezes. no início deste ano o redescobri, pois a quinta estrofe é aquilo que abre o primeiro livro de Caio Fernando Abreu: o inventário do ir-remediável - que é justamente o livro que tô lendo no momento (recomendo). na última estrofe fiz uma adaptação que só quem conhece o poema original perceberá.

VALSA

Fez tanto luar que eu pensei nos teus olhos antigos e nas tuas antigas palavras. O vento trouxe de longe tantos lugares em que estivemos que tornei a viver contigo enquanto o vento passava. Houve uma noite que cintilou sobre teu rosto e modelou tua voz entre as algas. Eu moro, desde então, nas pedras frias que o céu protege e estudo apenas o ar e as águas. Coitado de quem pôs sua esperança nas praias fora do mundo... Os ares fogem, viram-se águas, mesmo as pedras, com o tempo, mudam. poema . cecília meireles

FREE

We live free Air is free, clouds are free, Rain and mud are free. The outside of cars, The entrances of cinemas, And the shop windows are free. Bread and cheese cost money But stale water is free. Freedom can cost your head But prision is free. We live free. autor . orhan veli

10.1.06

trecho#7

"que os homens vão dizer que a vida é dura e incompleta pra quem não fez a guerra e nem quer vestibular pra quem tem a carteira de terceira pra quem não fez o serviço militar pra quem amassa o pão da poesia na riqueza e na alegria contra o lixo nuclear." antonio carlos belchior in monólogo das grandezas do brasil

7.1.06

horizonte distante

por onde vou guiar o olhar que não exerga mais dá-me luz, ó deus do tempo

dá-me luz, ó deus do tempo nesse momento menor pr'eu saber seu redor a gente quer ver horizonte distante a gente quer ver horizonte distante aprumar através eu vi só o amor é luz e há de estar daqui até alto e amanhã quem fica com o tempo eu faço dele meu e não me falta ao passo coração

e não me falta ao passo coração

avante!

avante! a gente quer ver horizonte distante a gente quer ver horizonte distante

a gente que ver horizonte distante

aprumar

letra e música . marcelo camelo