"Santas as visões, santas as alucinações, santos os milagres, santo o globo ocular, santo o abismo." (Allen Ginsberg)

16.1.06

VALSA

Fez tanto luar que eu pensei nos teus olhos antigos e nas tuas antigas palavras. O vento trouxe de longe tantos lugares em que estivemos que tornei a viver contigo enquanto o vento passava. Houve uma noite que cintilou sobre teu rosto e modelou tua voz entre as algas. Eu moro, desde então, nas pedras frias que o céu protege e estudo apenas o ar e as águas. Coitado de quem pôs sua esperança nas praias fora do mundo... Os ares fogem, viram-se águas, mesmo as pedras, com o tempo, mudam. poema . cecília meireles