"Santas as visões, santas as alucinações, santos os milagres, santo o globo ocular, santo o abismo." (Allen Ginsberg)

28.1.11

A Erva do Rato



Temos feito, mas ainda falta. Vamos continuar. Mais... Um espectador! Agora temos um espectador! Você acha um espectador o suficiente? Acautele-se, contudo, de seu uso. Tem um veneno presente. A perplexidade que o conhecimento traz. A pseudo-superioridade diante dos leigos. Despe-te diante da lente. Acostuma-te à idéia. Serás como os índios: sem pudor. Obscena somente a quem a assim quiser julgar nos vestíbulos do inferno. Seu rastro, suas marcas, sua rota - rato roeu. Hércules por aí. Hércules por aqui. É preferível ser desconhecido do que mal conhecido. Dentes que corroem o Rio - lindo mais antigo do que o próprio Brasil. Campo minado de ratoeiras inúteis. Os ratos se esquivam e cumprem suas funções noturnas. Calores noturnos. Solilóquios coloquiais. Colônias de geladeiras. Pirar noturno: expirar. Por mais que se pense não ser observado, sempre há um olhar à espreita. No que se ingere, tatua-se nas costas... Rato safado. Desmaio - escarrada sangrenta. Unhas que precisam ser cortadas. Unhas encravadas. Tua vaia para mim é um aplauso mais forte que a morte. Tudo que há. Tudo a três. Tudo o que apodrece depois seca. Sêca. Esqueleto. Repulsion. Dar a manutenção. Fazer. Manter os velhos hábitos desprezíveis. Repetir as velhas poses execráveis. Fóssil / click / latido.

texto . matheus matheus a partir do filme de Júlio Bressane
alusões . Júlio Bressane, Antonio Cícero/Marina Lima
imagem . A Erva do Rato, de Julio Bressane, Brasil, 2010