Fale Com Ela
Coincidências aos montes. Homenagens também. Há destino? Nem sei. O mundo não é pequeno mas, com certeza, está sempre em movimento. Somos obrigados a nos movimentar. Mesmo quando achamos que estamos parados, nos movimentamos com o mundo, nesse nosso pequenino pedaço de universo.
Escrever seria como falar com alguém que, achamos, não nos pode escutar, por não poder responder? Ainda assim, falo. Aqui, ali, em qualquer lugar. Por pura e irritante insistência. Por buscar beleza e leveza também. E, sobretudo, por necessidade. Na espera, não há esperança, de que quem me ouve submerja lentamente deste sono pesado e acorde para um outro tipo de sonho, mais leve: o limiar do que chamam de real.
O movimento - a expressão do movimento. As palavras - a falta de palavras. As coisas que não aceitamos, com as quais não concordamos. E, no entanto, não podemos deixar de admitir: elas existem independentes de nossa vontade.
Aquele que deu seu amor, crescente, chamou, por bem ou por mal, de volta à vida a sua amada. Um outro, que se recusou, primeiro a escutá-la pelo hábito de deixá-la sempre ouvir, depois a falar com ela por não ter certeza de que ela o ouvia, minguou, morreu, mais nada.
texto . matheus matheus
imagem . Hable Con Ella, de Pedro Almodóvar, Espanha, 2002
2 Comments:
nuuuuuusga! lindo!
ps: minguou é um verbo bem sugestivo pra esse filme, né?
9:32 PM
meu Almodóvar preferido, sem dúvidas. Já pensei estar dentro deste filme. Lindo texto.
8:20 AM
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