Querô
pariu cuspiu expeliu
um deus um bicho um homem
brotou alguém algum ninguém
o quê? a quem?
surgiu vagiu sumiu escapuliu
no som no sonho somem
são cem são mil são cem mil milhão
do mal do bem lá vem um
olhos vazios de mata escura e mar azul
ai, dói no peito aparição assim
vai na alvorada-manhã
sai do mamilo marrom o leite doce e sal
tchau, mamãe, valeu
cresceu vingou permaneceu aprendeu
nas bordas da favela
mandou julgou condenou salvou
executou soltou prendeu
colheu esticou encolheu
matou furou fodeu
até ficar sem gosto
ganhou reganhou bateu levou
mamãe perdeu perdeu perdeu
céu mar e mata mortos da luz desse olhar
antes assim do que viver pequeno e bom
não, diz isso não, diz isso não
a conta é outra tem que dar, tem que dar
foi mal, papai, anoiteceu
brilhou piscou bruxuleou
ardeu resplandeceu a nave da cidade
o sol se pôs depois nasceu e nada
aconteceu
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