Eclipse de Uma Paixão

"O que quer que mantenha famílias e casais juntos não é amor. É imbecilidade, egoísmo ou medo. O amor não existe. Existe interesse pessoal, ligação baseada em proveito pessoal. Existe prazer, mas não amor. O amor deve ser reinventado." "Por que ele quer tanto fugir da realidade? Jamais existiu alguém com esse objetivo. Saberá ele algum segredo para mudar a vida?" "Às vezes ele fala, em delicado dialeto de morte que causa contrição, dos homens infelizes, que certamente existem, de deveres penosos e despedidas dilacerantes. Nos bares onde nos embebedamos, ele chora ao olhar em volta a escória da pobreza. Ele erguia os bêbados das ruas escuras com a compaixão de uma mãe ruim com os filhos pequenos. E movia-se com a graça de uma menina no catecismo. Ele fingia saber tudo: negócios... artes... medicina... E eu o segui, tinha de fazê-lo."

"Foi no verão passado, durante a guerra, numa das muitas vezes em que fugi de casa. Fui ao rio encher meu cantil. Havia um soldado prussiano da minha idade dormindo no chão. Fiquei observando-o muito tempo até me dar contas de que ele não estava dormindo. Estava morto. De alguma forma isto me iluminou. Entendi que o que precisava para me tornar o primeiro poeta do século era experimentar tudo. Não bastava ser apenas uma pessoa. Decidi ser todas as pessoas. Decidi ser um gênio. Decidi criar o futuro."

"O que é insuportável é que não há nada insuportável."

"Escolhi as formas mágicas da felicidade inevitável."

"Quer dizer o que diz. Palavra por palavra. Nem mais nem menos."

"Pensava que meu trabalho seria importante, mudaria o mundo. Pensei que nada seria o mesmo. Mas não adiantou. O mundo é velho demais, não há nada novo. Tudo já foi dito."

"Voltarei com membros de aço, a pele escura e o olhar colérico. Ganharei dinheiro. Serei cruel e ocioso. Serei salvo."

"A eternidade é o sol misturado com o mar."

imagem 1 . Paul Verlaine e Arthur Rimbaud

imagem 2 & texto . de Agniezka Holland, Inglaterra, 1995