"Santas as visões, santas as alucinações, santos os milagres, santo o globo ocular, santo o abismo."
(Allen Ginsberg)
24.6.08
Sob o domínio do medo
Ratos. Ratos. Ratos. O intelectual precisa de concentração para raciocinar. E, o que acontece se o coração selvagem do intelectual for despertado pela provocação? Ele vence qualquer luta que porventura travar, pois é um animal que pensa, e não apenas usa a força física. O tédio de escutar os risos dos leigos quando o intelectual apenas precisa ouvir o som ensurdecedor do precioso silêncio do ócio criativo.A bebida altera? Altera. É perigosa? Apenas para aqueles que desconhecem por completo a capacidade de sua mente e dão vazão aos seus instintos mais animalescos. Quem bebe para pensar, viaja por lugares fantásticos.Buscar um lugar muito sossegado pode não ser tão ideal. Os nativos do lugar, apenas semi-civilizados, podem envolver o forasteiro em suas pequenas estranhas tramas maquiavélicas e triviais. Podem, inclusive, tentar interferir nas equações profundas que exigiram muito estudo, muita reflexão. Trocar um sinal positivo para um negativo alteraria o trabalhoso resultado. E o que seria mais prático: apagar o sinal da brincadeira, substituindo pelo correto ou recomeçar do zero a equação?
Bebida não prejudica. O que prejudica é ser influenciável ao ponto de não pensar por si próprio, seguir opiniões alheias. Assim se formam os grupos de malfeitores: da ignorância de estarem de comum acordo sobre um amontoado de preconceitos. O homem sóbrio, ainda que bêbado, é muito sozinho.E mesmo que os tolos o julguem patético, no fim das contas é ele que, banhado em sangue, soluciona toda a questão usando aquilo que o diferencia de todo o resto dos seres vivos: o pensamento abstrato.
cartazes . Straw Dogs, de Sam Peckinpah, Inglaterra/EUA, 1971
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