"Santas as visões, santas as alucinações, santos os milagres, santo o globo ocular, santo o abismo." (Allen Ginsberg)

10.7.09

O Último dos Loucos

Filme sem trilha sonora - vida sem trilha sonora. O irmão mais velho, conflituoso, bêbado, carente, agressivo, de bom gosto, adverso e invertido. A mãe, louca, pânica, com medo de sair de seu quarto, de seu pequeno mundo superprotegido. O pai, oprimido, deprimente, gran-looser de batalha nenhuma, da luta nossa de cada dia. A avó, opressora, ressentida, dona da situação fora de controle, general feminina do caos. A empregada a tudo assiste, tudo intermedia, panos quentes, mãos atadas, paciente com a manutenção da limpeza - as suas obrigações e além, muito além. O menino, último dos loucos, no meio do campo de batalha, domado por fronteiras e fronteiras intermináveis de segredos e silêncio. A forca, o corpo pendendo da forca, o gato assassinado por uma machadinha. O gato do irmão, o gato tão amado. Pedacinhos incontáveis de eu-não-tive-o-seu-amor-que-eu-tanto-quis... A arma, os estrondos que ninguém foi capaz de ouvir. Gran-finale: corpos cobertos de sangue fresco sobre a relva úmida.
imagem . Le Dernier des Fous, de Laurent Achard, França, 2006
texto . Matheus Matheus